Doença que circula no Ceará há quase 40 anos, a dengue tem registrado aumento de casos no Estado. Em abril, só até o dia 20, mais de mil novas infecções foram confirmadas, de acordo com dados da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa).
No total, pelo menos 2,4 mil cearenses já contraíram a arbovirose em 2024. As informações constam nas Planilhas de Notificação Semanal (PNS) publicadas pela Pasta. A atualização dos casos na semana entre 21 e 27 de abril ainda não foi disponibilizada.
O Ceará registrou, ainda, mais de 1.500 casos “prováveis” de dengue por semana em abril – no mês anterior, para se ter ideia, a média era de 683 casos semanais.
Ana Cabral, coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Sesa, explica que os “casos prováveis” são a soma das pessoas que testaram positivo ou tiveram diagnóstico clínico da doença mais os casos que estão em investigação.
A gestora confirma que o aumento das infecções pela arbovirose no Estado tem sido identificado desde fevereiro, mas diz que “ainda estamos dentro de um cenário esperado para o período”.
“A dengue é endêmica, todo ano teremos casos. Quando ultrapassa o esperado é que entramos em alerta. Apenas alguns estão com incidência alta, principalmente na região do Cariri e Sul. Mas nossa circulação viral ainda é considerada baixa”, frisa Ana Cabral.
A dengue é uma doença de notificação compulsória, ou seja, quando identificado um caso, a unidade de saúde precisa informá-lo. Ana explica que o monitoramento no Ceará é necessário durante todo o ano, para observar o comportamento da doença nas regiões.
“Quando é visualizada incidência maior em algum município, emitimos uma carta-alerta indicando que ele precisa adotar medidas de controle mais efetivas”, complementa a gestora.
A testagem da dengue é feita por meio de exame sorológico (sangue) ou PCR (swab nasal). Hoje, apenas cerca de 14% das amostras enviadas ao Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen) dão resultado positivo, como informa Ana Cabral.
“Mas mesmo assim a gente precisa ficar em alerta. Independentemente do cenário, o Ceará tem dengue desde 1986, precisamos sempre reforçar as medidas de prevenção e controle”, destaca.
A dengue tem manifestações similares a síndromes gripais, mas com alguns sintomas característicos, como lista o Ministério da Saúde:
Os sinais de alarme da doença são caracterizados principalmente por:
Em caso de suspeita de dengue, as autoridades de saúde recomendam o reforço da hidratação, com maior ingestão de líquidos. O paciente jamais deve se automedicar, como alerta o Ministério da Saúde.
Publicação do Hospital São José (HSJ), referência em doenças infecciosas no Ceará, também alerta para os medicamentos que devem ser evitados em caso de suspeita de dengue.
"A principal classe de remédios a ser evitada são os anti-inflamatórios, como ácido acetilsalicílico (AAS), ibuprofeno, naproxeno e diclofenaco. Do mesmo modo, também é preciso ter atenção redobrada caso a pessoa com sintomas de dengue faça uso de anticoagulantes, devido ao risco de hemorragias", frisa o HSJ.
A dipirona e o paracetamol são os medicamentos mais indicados para tratar os sintomas da arbovirose, sempre sob indicação médica.
Outras medidas de tratamento da dengue são:
Até o momento, são conhecidos quatro sorotipos do vírus da dengue – DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 –, mas ainda não há tratamento específico para eles.
O governador do Ceará, Elmano de Freitas, afirmou que a vacinação contra a dengue começará a partir de 13 de maio no Estado. A data foi definida em acordo com os quatro municípios que receberão os imunizantes, segundo critérios do Ministério da Saúde.
Além de Fortaleza, que receberá 38.594 doses, os municípios de Aquiraz (1.357 doses), Eusébio (1.410 doses) e Itaitinga (1.017 doses) também serão contemplados pelo Ministério da Saúde.O lote enviado ao Ceará deve cobrir apenas 25% da população entre 10 e 14 anos de idade.
Fonte: Diário do Nordeste