O relatório foi desenvolvido pelo braço da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO), pelo fundo para a infância (UNICEF) e pelo Programa Mundial de Alimentos (PMA). O documento contou com o apoio de organizações internacionais como a União Europeia e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional.
Conforme as informações divulgadas, o problema se tornou significativamente pior se comparado com os dados coletados em 2016, quando o indicativo era de que uma em cada 10 pessoas em 48 países passava fome. A insegurança alimentar aumentou pelo quinto ano consecutivo, sendo ainda mais alarmante do que os registros referentes a 2022, quando a quantidade de pessoas convivendo com o problema era de 257 milhões. “Estamos falando de uma fome tão grave que representa uma ameaça imediata aos meios de subsistência e à vida das pessoas. Essa é a fome que ameaça se transformar em inanição e causar mortes generalizadas”, ressaltou o diretor da FAO em Genebra, Dominique Burgeon.
Em 2018, a parcela percentual das pessoas que passavam fome no mundo era de 14%. Os números aumentaram para mais de 20% em todos os anos desde 2020, sendo que os resultados de 2022 foram os piores, com 23%. Nesse contexto, os dados de 2023 revelaram uma queda para 21,5%, o que poderia indicar uma melhora no cenário. Porém, os autores explicaram que houve uma ampliação do estudo e que o número de pessoas afetadas pela insegurança alimentar aguda, na verdade, cresceu.
Entre as regiões citadas com maior preocupação, destacam-se Gaza e o Sudão, onde a população está “claramente morrendo fome”, segundo o diretor do PMA em Genebra, Gian Carlo Cirri. Na região em guerra com o governo de Israel, Cirri afirma que as pessoas não conseguem satisfazer necessidades alimentares básicas e que todas as estratégias de sobrevivência já foram esgotadas, entre elas consumir ação animal, mendigar e vender pertences para adquirir comida.
Já no Sudão, o relatório aponta que 42% da população, o que representa 20,3 milhões de indivíduos, enfrentaram adversidades para encontrar comida suficiente no período analisado. Este é o maior número de pessoas no planeta que enfrentam níveis “emergenciais” de insegurança alimentar aguda. Utilizando o cenário em ambas as regiões, os autores concluíram que os conflitos armados são a principal causa da fome atualmente.
Fonte : O ESTADO